Oficinas mexem em importados de luxo e até de marcas que já deixaram país

Quem tem carro importado usado sabe como é difícil achar uma oficina de confiança. A falta de mão de obra especializada e os custos proibitivos de manutenção são dois dos maiores problemas, que fazem muita gente trocar seus veículos por carros mais fáceis de manter.

Felizmente, algumas oficinas investem para atender esse público renegado pela maioria dos profissionais. Assim nasceram as oficinas especializadas na manutenção de veículos de uma única marca.

 

Louco por Land Rover

Modelos de várias gerações são encontrados na oficina

A The Specialist é a oficina mais tradicional de Land Rover em São Paulo. Fundada em 1998 pelo engenheiro Luiz Fraga, ela é referência entre clientes e amantes da marca britânica. Mas nem sempre foi assim. “Me chamaram de louco quando abri o negócio porque ninguém acreditava em oficina monomarca naquela época”, lembra Luiz, que trabalhou na Land Rover desde o início das atividades da empresa por aqui, em meados dos anos 90. Após largar a sociedade que resultou na abertura da primeira concessionária da marca no Brasil, Luiz resolveu se especializar. Foi à Inglaterra em 2001 para comprar equipamentos utilizados em oficinas da rede autorizada, já que a Land Rover não comercializava esses produtos para empresas paralelas.

 

Luiz conta com o auxílio de esposa e filhos no negócio

 

Luiz aproveita até viagens a lazer para equipar sua oficina. Em sua última no Canadá, onde esteve para conhecer seu neto caçula, o engenheiro trouxe um novo scanner capaz de identificar falhas em carros mais novos. “A gente analisa o histórico dos veículos que já passaram por aqui para saber quais problemas podem surgir e quando eles podem ocorrer. Se eu sei que uma bomba de combustível vai ter problemas, eu faço a manutenção antes disso acontecer”, conta Luiz. Para driblar a falta de oferta de peças de reposição, sobretudo dos modelos mais antigos, a The Specialist possui uma importadora que traz todos os componentes necessários. Luiz também desenvolveu um sistema para avisar aos clientes via whatsapp quando chega a hora de realizar os serviços.

 

Tá no sangue

Arquivo de família: filhos já viviam entre os Land Rover desde a infância

Atualmente, a The Specialist é um negócio que envolve a família toda. Além de Luiz e sua esposa, dois de seus filhos também estão na oficina todos os dias. Um deles é Felipe, que começou a trabalhar com seu pai em 2012.

Fora o sobrenome, todos compartilham a paixão pela marca, são proprietários de Land Rover e testam peças e novas ideias em seus próprios carros antes de disponibilizá-las aos clientes.

“Meu pai brinca que nossa hemácia é oval e verde”, diverte-se Felipe.

 

Aqui só entra Suzuki

Modelos 4×4 respondem pela maioria dos carros na Black Ninja

Carlos Sato havia acabado de deixar a equipe de eventos da Suzuki quando abriu a Black Ninja em Santo André (SP).

A ideia partiu de seu irmão, Vitor, e de um amigo chamado David. Hoje os três comandam o negócio e, claro, botam a mão na massa.

“No início a gente atendia apenas os amigos mais próximos, mas outros clientes foram chegando com o passar do tempo”, diz Carlos.

Modelos mais antigos, especialmente dos jipinhos Samurai e Vitara, são maioria na Black Ninja. Porém, a oficina também recebe donos de carros que acabaram de sair da garantia de fábrica, como Jimny e até o raro Swift Sport.

Donos de Swift Sport também são clientes da oficina

“Eu diria que os acessórios correspondem a 40% dos nossos serviços hoje. Durante os primeiros meses da pandemia, inclusive esse índice chegou a 80%, e foi isso que nos salvou nesse período”, diz Sato.

Ele admite que o maior desafio é encontrar peças de reposição.

“Os carros mais antigos são complicados para manter em dia. Temos alguns fornecedores de peças que nos atendem muito bem, mas, no caso dos antigos, é garimpo puro na maioria das vezes. Precisamos procurar na internet em lojas de autopeças fora do estado de São Paulo, buscar carros anunciados como sucata e até recorrer a peças vindas do exterior”.

 

Tá Russo!

Sarancar cuida de modelos da Lada há 20 anos

Foi na reabertura do mercado brasileiro às importações que a Lada invadiu o país em outubro de 1990. A trajetória da marca foi meteórica por aqui. A empresa foi do começo avassalador, com 15 mil veículos faturados e rede de concessionárias com 126 revendas, ao declínio em pouco tempo, que culminou na despedida da Lada apenas cinco anos depois de aportar no mercado. Enquanto uma parte dos veículos virou sucata, ainda existe uma frota considerável rodando por aí. Alguns carros estão aos cuidados de Helvis Saram, que comanda a oficina Sarancar, ao lado de seu irmão Herbert. O negócio surgiu há 20 anos e, embora cuide de carros de outras marcas (principalmente modelos com tração 4×4), é especializado nos modelos da Lada.

Donos de Niva dominam a cartela de clientes da Sarancar

Embora realizem manutenção em Samara e Laika, a maioria dos clientes é formada por donos de Niva.

Helvis acredita que o carismático jipinho é a escolha ideal para quem quer ingressar no mundo do fora-de-estrada sem gastar muito.

“O Niva é uma excelente opção por ter a melhor relação custo-benefício entre os modelos 4×4. Tanto as peças quanto a manutenção são infinitamente mais baratas do que outros carros”, analisa.

De concepção simples, os Lada são mais robustos do que a maioria das pessoas pensa. Além disso, Helvis assegura que achar peças de reposição não é tão difícil assim.

“Várias peças e acessórios são fabricados aqui, e muitos componentes são trazidos por importadoras. A única coisa que realmente precisamos trazer da Rússia são partes de acabamento em geral, além de lanternas e outras peças”, conclui.

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