Sistema financeiro mantém resiliência para apoiar economia, diz BC

BRASÍLIA  –  O sistema financeiro brasileiro mantém “resiliência” para auxiliar no retorno do crescimento da economia, aponta o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) referente ao segundo semestre de 2016, publicado pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira.

De acordo com o documento, o Brasil tem enfrentado quedas do Produto Interno Bruto (PIB) desde o segundo trimestre de 2014. Embora as consequências desse período turbulento não tenham se propagado de forma tão acentuada para o sistema financeiro, verificou-se a materialização de alguns riscos ao longo de 2016. “Ainda assim, o sistema mantém resiliência para auxiliar no retorno do crescimento da economia”, informou a nota.

O relatório destacou que, mais recentemente, houve melhora na expectativa dos agentes em relação ao risco para a estabilidade financeira para o curto e médio prazo. “A queda da atividade econômica impactou negativamente o desempenho de parte dos setores da economia voltados para o mercado interno. Como consequência, por exemplo, os requerimentos de recuperação judicial em 2016 foram recordes na série iniciada em 2012. Esse cenário contribuiu para deterioração na carteira de crédito a empresas não financeiras nos últimos 12 meses”, afirmou o BC no documento.

De acordo com o relatório, a qualidade da carteira de crédito a pessoas físicas também piorou, mas tendências favoráveis, na margem, para as condições de emprego e renda trazem perspectivas de melhorias à frente.

No caso dos entes subnacionais (Estados e municípios), o BC destacou que sua capacidade financeira se agravou em 2016. E, embora o sistema financeiro possua exposição a esses entes, ele está “adequadamente preparado para suportar eventuais perdas”. “Além disso, ações reparadoras para as finanças dos estados estão sendo discutidas com a União”, destacou o documento.

No que diz respeito ao crédito, apesar de sua redução e do aumento da provisão terem provocado diminuição da rentabilidade, “os resultados dos testes de estresse demonstram a resiliência do sistema financeiro, que dispõe de liquidez e capital suficientes para absorver choques”.

Riscos

A materialização do risco de crédito a empresas tem sido desafiadora para a estabilidade financeira no período recente. Segundo o relatório, a queda do crescimento da carteira aprofundou-se com o declínio da atividade econômica, as altas taxas de juros e a maior seletividade por parte das instituições financeiras.

“No curto prazo, o estoque de crédito deve continuar em declínio, e os ativos problemáticos, em ascensão”, afirmou o documento, com a ressalva de que “o sistema bancário tem demonstrado estar preparado para lidar com esse cenário complexo e para se ajustar a eventual aumento de risco”.

O relatório destacou ainda que os ativos problemáticos na carteira de pessoas jurídicas cresceram em consequência da materialização do risco de crédito. “Esses ativos representavam cerca de 4% do crédito concedido a empresas em dezembro de 2014 e, em dezembro de 2016, atingiram mais de 8%. Ao mesmo tempo, baixas para prejuízo ocorreram de forma intensa em 2016 e atingiram o maior nível desde 2011”, informou o relatório.

Segundo o Banco Central, esse risco de crédito na carteira de pessoas jurídicas materializou-se principalmente no crédito concedido a grandes corporações. Na avaliação da autoridade monetária, o aumento de requerimentos de recuperação judicial e o volume de operações com empresas em dificuldade financeira reforçam a percepção de que o risco de crédito a corporações permanecerá elevado no curto prazo. “Apesar da materialização do risco, a provisão para cobertura de ativos problemáticos tem aumentado e está compatível com o perfil de risco dessas carteiras, o que minimiza a possibilidade de dano à estabilidade do sistema”, destacou o REF.

Segundo o relatório, a queda da taxa básica de juros da economia (Selic) representará um “alívio para as empresas não financeiras, pois parte dos passivos é indexada à taxa do Certificado de Depósito Interbancário (CDI)”. “Além disso, a melhoria das perspectivas econômicas terá, de forma geral, um impacto positivo para a situação financeiras das empresas.”

Quanto aos efeitos da Operação Lava-Jato no sistema financeiro, a atualização das simulações de contágio mostra um resultado em linha com o apresentado no REF de outubro de 2015, sem que nenhuma instituição ficasse insolvente, segundo o Banco Central.

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