Panorama inicial histórico

Dentro da indústria da reparação de veículos o CNAE 4520-0/02 – serviços de lanternagem ou funilaria e pintura de veículos automotores tem por décadas seu processo e estrutura construídos para atendimento ao mercado segurador de veículos. Este atendimento dava-se pelo atendimento das oficinas na reconstrução ou substituições de partes dos veículos segurado, que tinham sofrido algum tipo de sinistralidade de pequena e média monta.

No entanto, a equação econômica de oferta e demanda sempre favoreceu o mercado segurador, tendo em vista que o volume de empresas compradoras de serviços, no caso, as seguradoras sempre foram infinitamente menores que o das empresas vendedoras dos serviços, e aqui nos referimos as oficinas. Um sinal claro de oligopólio com cerca de 5 empresas seguradoras dividindo a maior fatia de Market-share contra um número hoje estimado de 13.954 micro e pequenas empresas de reparos, conforme dados do IBGE no ano de 2019.
Não obstante, mesmo com alguns suspiros de progresso nas relações como uma cadeia de valor, a percepção de abuso na condição de formador de preço foi ficando evidente, principalmente com o crescimento das tecnologias que favoreceram seus controles, o que levou as cias seguradoras a ingressarem em outra cadeia de valor “autopeças”, distorcendo a mesma e sufocando ainda mais as pequenas e inúmeras oficinas, parecendo não haver qualquer preocupação com a qualidade dos serviços prestados, mas tão somente suavizar continuamente sua curva de perda com a ocorrência dos sinistros.

Porém, os tempos mudaram e hoje continuamos atendendo as cias seguradoras já bem debilitados e altamente endividados, ao menos as empresas estruturadas para tal atendimento, no entanto, a condição de capital aberto das cias seguradoras a expuseram a situação jamais vivida antes, isto é, se não havia preocupação com os clientes finais por parte das mesma, cujos veículos era reparados através de pagamentos aviltantes de mão-de-obra junto as oficinas, seus acionistas se quer tem conhecimento das barbaridades que ocorrem nesta relação, mesmo com publicações alardeando suas regras de “COMPLIANCE”. Vale destacar que neste breve panorama histórico uma jurisprudência e “modus operandi” foram construídos e evidenciados com farta documentação comprobatória no funcionamento desta cadeia de valor, tornando qualquer mudança um desastre.

Impacto do coronavírus
Estamos todos vivenciando um momento esquizofrênico diante do COVID-19 no mundo e que afetou a todos os setores da economia, com consequência ainda sem precedentes.
Especificamente as empresas de funilaria e pintura que já arrastavam passivos volumosos encontram-se diante de um mercado totalmente estagnado, cuja sinistralidade foi próxima a zero, derrubando o sonho de muitos empresários que lutaram para conquistar espaço no mercado, mesmo em condições ultrajantes como da cadeia de valor do mercado segurador.
Evidentemente que a maioria dos setores se encontram em momento inesperado e de desconforto, utilizando os instrumentos que os comitês de crises governamentais estão disponibilizando para buscar manter a sobrevivência do trabalho e da renda para que a economia possa se recuperarem algum momento.

Mas mesmo diante desta situação esta cadeia de valor, se é assim que podemos chamar, justamente as cias seguradoras buscam alternativas que de forma inconsequente condenam a morte vários de seus prestadores de serviços como se não houvesse amanhã, ao invés de socorrê-los. Note que este socorro não se trata de nada do que já está sendo disponibilizado pelo poder público, como postergação nos pagamentos de impostos, medidas emergências de ordem trabalhista, além das de ordem privada em relação aos bancos e fornecedores, no entanto cias seguradoras estão neste trágico momento estimulando pagamentos diretos ao segurados de seus sinistros, eliminando qualquer chance de algum serviço estar vindo as oficinas como forma de mantê-los respirando.
Esta situação é no mínimo desumana e demonstra claramente como determinadas seguradoras enxergam seus stakeholders.

Pós coronavírus
Como todos estão cientes, os sinais de alongamento do prazo para o isolamento do COVID-19 com objetivo de diminuirmos a proliferação está praticamente confirmada, o que aumente a angústia de todos, porém, estamos convictos que o serviços de funilaria e pintura não serão os mesmos no período pós-crise coronavírus e lamentamos que o posicionamento equivocado de seguradoras deverá ser amplamente tratado, sendo desta vez com grande visibilidade de seus acionistas, que parecem desconhecer determinadas medidas e que se assombrarão com a frágil sustentação que seus clientes encontrarão quando necessitarem dos serviços de reparos de seus sinistros.
Sem qualquer intenção de apresentar uma posição de “vítimas” mas fazemos este último apelo para que não estimulem os pagamentos diretos de sinistros junto aos clientes como um novo padrão de negócio, assim como rogamos que continuem seguindo pela melhoria contínua de sua base de fornecedores.

Câmara de colisão – Sindirepa-SP

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