A situação da Nissan se deteriora a passos largos e a montadora japonesa agora enfrenta um dos períodos mais conturbados de sua história recente.
Após uma tentativa fracassada de fusão com a Honda e com um prejuízo bilionário acumulado, a empresa anunciou uma reestruturação drástica que inclui o fechamento de fábricas e a demissão de dezenas de milhares de funcionários.
Em sua assembleia geral anual, realizada na sede da empresa em Yokohama, o novo CEO Ivan Espinosa revelou que a Nissan encerrou o último ano fiscal com um prejuízo líquido de 4,5 bilhões de dólares.
Pior ainda: a montadora não conseguiu apresentar uma previsão concreta para os resultados do próximo ano, limitando-se a estimar um prejuízo de 200 bilhões de ienes (cerca de 1,38 bilhão de dólares) apenas no primeiro trimestre.
Os acionistas também foram surpreendidos com a suspensão dos dividendos, agravando ainda mais a insatisfação.
Durante a reunião, Espinosa confirmou mudanças importantes na diretoria, incluindo a saída de Makoto Uchida, ex-CEO da empresa, e de Jean-Dominique Senard, presidente do conselho da Renault, da qual a Nissan é parceira.
A reformulação na cúpula foi uma resposta direta às críticas severas por parte dos acionistas, que culparam Uchida e os diretores que o indicaram pela atual crise.
Uma das propostas levadas à votação por um acionista sugeria que a capacidade de Uchida como executivo era “extremamente baixa” e que os responsáveis por sua nomeação deveriam deixar a empresa.
Apesar da contundência das críticas, a diretoria da Nissan rejeitou essa moção.
O clima entre os investidores era tenso. Um dos acionistas acusou a empresa de transferir a responsabilidade da crise para os trabalhadores da linha de frente, ao anunciar a demissão de 20 mil pessoas, enquanto executivos permanecem em seus cargos.
Além das demissões, sete unidades de produção serão fechadas como parte da tentativa de conter os prejuízos.
Também foi discutida uma proposta sobre o futuro da Nissan Shatai, subsidiária listada da empresa.
A ideia de que a montadora deveria tomar medidas mais claras em relação ao controle da subsidiária, à semelhança do que a Toyota está fazendo com a Toyota Industries, foi rejeitada tanto pelos acionistas quanto pela própria Nissan.
O que antes parecia uma simples instabilidade, agora se consolida como uma crise profunda.
A Nissan tenta desesperadamente recuperar a confiança de seus acionistas e do mercado, mas enfrenta obstáculos severos — desde decisões estratégicas controversas até uma estrutura interna cada vez mais pressionada por resultados.
O desafio para Espinosa e sua nova equipe será monumental: salvar uma marca histórica de um colapso que parece cada vez mais iminente.
Fonte: Notícias Automotivas