
Manter o carro em dia é essencial para evitar dores de cabeça. No entanto, um problema silencioso vem crescendo no Brasil: o uso e a venda de autopeças falsificadas que chegam às oficinas do amigo mecânico por vários meios. Além de gerar prejuízos bilionários à indústria, essas peças comprometem diretamente a segurança de quem está ao volante.
De acordo com a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), em 2024 foram realizadas 258 operações de fiscalização em todo o país. O impacto econômico é gigantesco: R$ 12 bilhões em perdas para o setor. A prática afeta toda a cadeia — do desenvolvimento à comercialização — e coloca em risco a durabilidade e o desempenho dos veículos.

Entre os produtos mais falsificados estão lubrificantes e componentes de motor. Estima-se que uma em cada cinco garrafas de óleo vendidas no país tenha origem duvidosa. No ambiente digital, a situação é ainda mais alarmante: o e-commerce já soma mais de 5 milhões de denúncias relacionadas à venda de peças adulteradas.

Risco direto à segurança
Instalar uma peça falsificada pode ter consequências graves. Componentes com materiais de baixa qualidade podem falhar subitamente, provocar panes e até causar acidentes. Em muitos casos, o problema só aparece após danos maiores — quando o prejuízo já está feito.
“Uma peça fora de especificação pode comprometer o funcionamento do sistema inteiro”, alertam entidades do setor. Pastilhas de freio, filtros, amortecedores e velas de ignição estão entre os itens mais visados pelos falsificadores.

Crime previsto em lei
A comercialização de produtos falsificados é crime. Quem fabrica, distribui ou vende essas peças pode ser enquadrado na Lei da Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/96), no Código de Defesa do Consumidor (art. 65) e até no Código Penal (art. 132), que trata de crimes contra a segurança de terceiros.

Como evitar cair em golpes
1. Compre apenas em lojas de confiança. Prefira concessionárias, distribuidores autorizados ou sites com boa reputação. Pesquise avaliações e histórico de reclamações antes da compra. Mecânicos podem e devem desenvolver sua rede de confiança de fornecedores e distribuidores
2. Exija nota fiscal. É o único documento que comprova a origem da peça e garante cobertura legal em caso de problema. Essa garantia também cobre a segurança do carro do seu cliente
3. Verifique a embalagem. Produtos originais têm impressão de qualidade, lacres invioláveis e dados legíveis. Desconfie de caixas amassadas, rasgadas ou com etiquetas apagadas. Fique atento aos recursos que fabricantes estão desenvolvendo para evitar falsificações. No caso de embreagem verifique sinais de queda (platô caído)
4. Confira número de lote e certificações. Fabricantes renomados disponibilizam sistemas de verificação de autenticidade nos próprios sites. Procure selos de órgãos como Inmetro ou CESVI.
5. Cuidado com peças recondicionadas vendidas como novas. Itens já utilizados podem ter desempenho inferior e reduzir a vida útil do veículo. Não há problema caso o profissional ou o cliente queira usar peça recondicionado ou remanufaturada desde que o mecânico e o cliente estejam cientes.

Orientação profissional é fundamental
Muitas vezes, a promessa de “peça barata e entrega rápida” pode sair caro. Peças paralelas de origem duvidosa colocam em risco não só o veículo, mas a segurança do motorista e de toda a família. Em última análise, a reputação profissional do mecânico também fica em risco quando uma peça de origem duvidosa é empregada no conserto ou revisão do veículo.
Manter a manutenção em dia com componentes originais é um investimento em confiabilidade, desempenho e, principalmente, tranquilidade na direção para construir a reputação da oficina e da vida dos seus clientes.
Fonte: O mecânico.