Montadoras pressionam governo diante de crise global de semicondutores; disputa
entre potências ameaça cadeia produtiva
São Paulo, 23 de outubro de 2025
Cenário imediato
A indústria automotiva brasileira vive dias de tensão. Montadoras instaladas no país
alertaram o governo federal sobre o risco iminente de paralisação total da produção de
veículos nas próximas duas semanas devido à falta de chips semicondutores —
componentes essenciais para sistemas eletrônicos e de segurança dos carros modernos. A
Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) informou que o
setor enfrenta um dos piores gargalos desde a pandemia e que fornecedores já notificam
interrupções iminentes de peças.
Crise global que respinga no Brasil
O problema tem origem na disputa comercial e tecnológica entre Estados Unidos e China,
envolvendo controle da produção e distribuição global de semicondutores e de minerais
estratégicos (terras raras). Com restrições impostas por ambos os lados, cadeias de
fornecimento foram interrompidas. A subsidiária europeia da empresa chinesa Nexperia,
uma das principais fornecedoras para o setor automotivo, foi afetada por sanções
americanas, enquanto a China reagiu restringindo a exportação de insumos críticos.
Pressão por ação do governo
Representantes das montadoras encaminharam carta ao vice-presidente e ministro do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, solicitando apoio emergencial e
diplomático para garantir o abastecimento de componentes críticos. O alerta menciona
possibilidade de suspensão total da produção nacional, com efeito direto sobre empregos e
toda a cadeia de autopeças, logística e concessionárias.
Carros mais eletrônicos, dependência maior
Veículos modernos utilizam, em média, entre 1.000 e 3.000 chips para sistemas de injeção,
segurança (ABS/airbags), conforto e conectividade. Mais de 90% desses componentes são
importados, principalmente da Ásia. Sem acesso regular, as fábricas devem reduzir turnos,
priorizar modelos e, em casos extremos, interromper linhas inteiras.
Reflexos e saídas possíveis
Especialistas defendem acelerar políticas de incentivo à produção local de semicondutores e
recuperar capacidades industriais estratégicas. No curto prazo, as empresas avaliam
alternativas logísticas, renegociação com fornecedores e férias coletivas para mitigar
impactos e preservar empregos.
Resumo
• Risco de paralisação da produção em até duas semanas por falta de chips;
• Crise decorre de disputa tecnológica entre EUA e China e restrições a insumos;
• Montadoras pedem atuação diplomática do governo para destravar o abastecimento;
• Dependência externa de semicondutores expõe fragilidade da cadeia brasileira.