A Câmara Legislativa do Distrito Federal recebeu uma proposta do deputado Eduardo Pedrosa, presidente da Comissão de Economia, Orçamento e Finanças, que prevê isenção ou desconto no Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) para motoboys e motoristas de aplicativo que atuam na capital federal. A iniciativa ainda depende de análise técnica e aprovação do Governo do Distrito Federal.
Segundo a Câmara, o Detran-DF participará de um levantamento conjunto para avaliar o impacto financeiro e operacional da medida, incluindo estimativas de arrecadação e mecanismos de fiscalização. O objetivo declarado do parlamentar é reconhecer a importância desses profissionais para a mobilidade urbana e para serviços essenciais, como transporte de alimentos, medicamentos e passageiros.
A proposta estabelece critérios para acesso ao benefício: cadastro no Detran-DF, ausência de infrações graves ou gravíssimas e participação em cursos de direção defensiva e segurança viária. Caso a isenção integral não seja considerada viável, Pedrosa sugere a concessão de um desconto significativo no imposto. A ideia é valorizar a responsabilidade e incentivar práticas mais seguras no trânsito.
O debate sobre o projeto reflete tensões típicas da gig economy. Motoristas de aplicativo e motoboys enfrentam custos elevados com manutenção, combustíveis e seguros, muitas vezes sem clareza sobre a remuneração líquida de cada corrida ou entrega. Em Brasília, um levantamento do GigU, aponta que esses trabalhadores lucram, em média, R$ 2.417,06 por mês ao trabalhar cerca de 50 horas semanais. “O que observamos é que muitos precisam estender suas jornadas para garantir uma renda compatível com suas necessidades, o que impacta diretamente o bem-estar físico e emocional”, afirma Luiz Gustavo Neves, co-fundador e CEO.
A medida exigirá ajustes práticos, já que a fiscalização do cumprimento dos critérios e a avaliação contínua do impacto sobre a arrecadação serão fundamentais para evitar distorções. Além disso, há o desafio de equilibrar incentivo fiscal com justiça social: profissionais mais qualificados podem se beneficiar com mais facilidade, enquanto outros podem ficar de fora.
Se aprovada, a iniciativa no DF pode servir como modelo para outras regiões do país que buscam valorizar trabalhadores da economia de plataformas sem comprometer o equilíbrio fiscal. A proposta evidencia como políticas públicas, mobilidade urbana e economia digital se cruzam em um contexto que exige planejamento, responsabilidade e transparência.
Fonte: Move news.