Se a geopolítica e a geologia estivessem trabalhando juntas, presentemente, a placa continental do Brasil estaria bem mais próxima da placa tectônica que sustenta a China.
Com o tarifaço americano contra o Brasil, o setor automotivo nacional deverá ser afetado, mas não somente na importação de veículos (em caso de retaliação) e sim na exportação de motores e componentes para os states, pagando agora 50%.
Na opinião de especialistas, segundo ouvidos por Paula Gama, colunista do UOL, as sanções americanas às exportações brasileiras (o que de fato é) poderão ampliar a presença de carros chineses no mercado nacional.
O consultor automotivo Cássio Pagliarini é categórico: “é um impedimento de importação”. Ele se refere à taxa de 50% sobre as exportações brasileiras ao mercado americano e explica: “Com uma taxa dessas, ninguém consegue competir. Já houve queda de 20% quando a tarifa era de 10%. Com 50%, vai a zero”.
Para o setor automotivo, diferente do agronegócio, perder exportação para os EUA é certamente um grande prejuízo, haja vista que parte disso é proveniente de empresas americanas, sem contar que outras plantas pelo mundo não seriam necessariamente alternativas aos states.

Segundo Pagliarini, a cadeia global será afetada também com o bloqueio de exportações do Brasil. Já do outro lado da moeda, o país pode receber ainda mais atenção por parte da China, seu maior parceiro comercial.
Andrea Weiss, especialista em direito aduaneiro, e Hisayoshi Kameda, especialista em negócios internacionais, acreditam que os chineses estarão cada vez mais presentes no cenário brasileiro.
Weiss comenta: “Mesmo com a retomada gradual do imposto de importação sobre elétricos no Brasil, o país continua sendo visto como uma oportunidade [para os chineses]. Aqui não há uma barreira geopolítica, como nos EUA”.
Kameda pontua que o mercado brasileiro é grande, há demanda por carros mais baratos e não há impedimento geopolítico. Ele diz: “As montadoras chinesas já estão instalando fábricas, centros de pesquisa e traçando planos para fazer do Brasil uma base de exportação regional”.
Todavia, essa exposição à China pode tornar o país mais dependente no parceiro asiático e tornar a competição desigual, uma vez que os custos por lá são mais baixos, enquanto o risco é enorme para as montadoras já instaladas aqui.
As montadoras já disseram que não conseguirão competir com os chineses no mercado nacional com as condições atualmente vigentes.
Fonte: Notícias Automotivas